outubro 04, 2012

Rui M.V.Duarte: das falácias à contumácia

Rui Duarte volta a ter um lugar na campanha de difamação do AO promovida pelo subdiretor do Público, e a ocasião foi aproveitada para responder a este post do em Português Grande. Teria ficado bem a Rui Duarte a frontalidade de Nuno Pacheco que, preto no branco, disse ao que vinha e porquê quando respondeu a um post nosso através de um artigo do Público com o título “Então não é que me arranjaram uma espanhola?

Rui Duarte insiste na falácia etimológica, mas desta vez ele não cai na “asneira” de escrever que não sabe "como pôr um aluno da escola básica e secundária portuguesa a relacionar ação (ainda vá, tem um "c"), agente, agir, com ator? Ou atividade? Sem "c" nem "g"?" Não. Rui Duarte percebeu a irracionalidade do argumento, como aqui expusemos, o tal argumento que “não vale um caracol” como advertiu António Emiliano dirigindo-se aos opositores ao AO que insistem na falácia etimológica.

Em lugar disso, desta vez Rui Duarte puxa (mas pouco) pelo peso emotivo da etimologia muda numa ortografia simplificada, uma espécie de tentativa de chamar metal precioso a pechisbeque, tanto mais que as consoantes mudas eliminadas pelo AO90 foram mantidas na ortografia de 1911 por suposto valor fonético e não por razões etimológicas.
Portanto, Rui Duarte rapidamente deixa para trás a falácia etimológica e prefere aninhar-se na falácia das consoantes mudas diacríticas aproximando-se da argumentação de António Emiliano e usando expressamente como referencial a reforma ortográfica de 1945.

Como não há argumentação anti AO sem recurso a uma ou mais omissões, Rui Duarte omite as alterações à ortografia trazidas pelo Acordo Ortográfico de 1971 com o Brasil. Em consequência deste Acordo, decretado em Portugal dois anos depois da sua assinatura, o Português ficou um pouco mais fonológico. A pegada fonológica da ortografia portuguesa posterior a 1973 é, por si só, facto bastante para desmontar a falácia das consoantes mudas diacríticas.

Concretizando; se Rui Duarte acha que em Portugal se deixará de pronunciar corretamente “afetar” ou “teto” porque deixámos de escrever “afectar” ou “tecto”, então como justifica ele que pronunciemos “pregar”, “cerco”, “acordo” ou “somente”, tal e qual como se pronunciava há quarenta anos quando se escrevia “prègar”, “cêrco”,  “acôrdo” ou “sòmente”?. Genericamente: é razoável supor que a perda de consoantes mudas vá fazer agora às pronúncias portuguesas aquilo que a perda de acentos diacríticos não fez em quarenta anos?

E esta é a altura de pedir a Rui Duarte para não ter medo, como pedimos ao nosso Pedro Afonso, e aproveitar para lhe sugerir que faça o exercício que propusemos ao Pedro Afonso quando o mandámos estudar e que tanto o ajudou na compreensão do problema:
“Nas palavras seguintes, assinala as que têm pré tónica fechada, as que têm pré tónica aberta, e diz a importância que tem uma consoante muda para indicar a pronúncia correta em todas elas: bebé, actuar, caveira, vexame, especado, exactidão, tactear, pateta, dilação”.

Acreditamos que Rui Duarte compreende as falácias filológicas em que incorre, que compreende que não pode tentar demonstrar o valor de uma opinião omitindo factos que demonstram a sua falsidade, ou fazendo como um cura dos antigos que demonstrava que o Sol andava à volta da Terra recorrendo aos testemunhos dos seus fregueses, como Rui Duarte faz quando relata no seu artigo as respostas que uns amigos lhe deram. É, pois, de esperar que continue a recorrer às falácias filológicas e à negação da realidade no seu percurso de opositor ao AO90.

Só resta declarar Rui Duarte contumaz, mas apenas até ao dia em que ele abandonar as falácias filológicas e passar à argumentação ideológica contra o AO90, aquela que, de facto, tem discussão possível.

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